Saímos de Santiago para regressar a casa… Mas antes, uma paragem no fim da terra… Finisterra, ou Fisterra em galego, era o local onde alguns peregrinos terminavam o seu caminho, quando já não tinham mais terra para calcorrear… Era o fim do mundo… Daí para a frente estendia-se o mar desconhecido…
Criou-se também o costume de aqui deixar as botas e o equipamento usado para fazer o caminho… Um acto quase cerimonial, levado a cabo entre as rochas que acaba por emprestar um aspecto um pouco sujo e desarrumado ao local… Seria mais interessante se houvesse somente um local onde essa queima e o abandono das vestes e equipamento peregrino fosse centralizado… Poderia até haver o aproveitamento de algum desse equipamento para peregrinos menos abonados…
Mas no meio da roupa, mochilas e botas queimadas e abandonadas… No meio da cinza e das rochas, brotam flores belíssimas, colorindo este promontório…
Com vista para o farol do fim da terra, despedimo-nos desta grande viagem…
O regresso a casa é feito como que num lento acordar de um sonho, à medida que se volta a ouvir falar português… Faz hoje 1 semana que embarcámos nesta viagem e contudo o tempo parece ter-se alongado… E mais de uma semana dir-se-ia ter passado…
Perdidos nos nossos pensamentos, a viagem é feita de cúmplices silêncios e olhares sorridentes, à medida que vamos recordando o caminho para Santiago…
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